quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A resistência

Não que eu nunca beba coca-cola ou vá ao Mc Donald's. Mas eu ao menos procuro não fazer disso minha vida.
Tenho assistido ultimamente a uma verdadeira padronização das pessoas, sobretudo dos jovens. Quase todos vestem as mesmas roupas, compradas nas mesmas lojas; comem as mesmas coisas; freqüentam os mesmos locais; ouvem as mesmas músicas; lêem (quando o fazem) os mesmos jornais e livros; assistem os mesmos filmes; falam sempre sobre os mesmos assuntos ('você viu que maravilha aquele vestido que x tava usando na festa de y?' - 'ah, aquele cara do big brother é muito cínico, ele devia sair da casa!' - 'vamo assistir o novo filme de z!' - 'vamo pro shopping!!!') e expressam as mesmas 'opiniões'.
Não quero ser só mais um adolescente enlatado, com suas típicas revoltas mercadológicas. Se eu ler um livro, que ele faça sentido para mim. Se ouvir uma música, que seja porque eu gostei dela. Quero ser eu mesmo, fazer minha própria jornada de descobertas e conquistas; lutar pelo que acredito; fazer da minha vida o que eu quiser e achar melhor.
Embora às vezes me sinta sozinho em meio à multidão; embora às vezes não consiga conversar nada com um grupo de 10 pessoas da minha faixa de idade; embora às vezes fique com o olhar perdido; embora seja taxado de maluco, procuro me opor a esse movimento padronizador.
Procuro nadar contra a corrente.
Resistir.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O que leva uma pessoa a decidir fazer um blog na madrugada de uma terça-feira da última semana de férias do último ano do ensino médio?
Sinceramente, eu não sei. Posso dizer apenas que ultimamente eu venho sentindo uma estranha vontade de escrever - mostrar minha opinião, argumentar, criar, trabalhar as palavras - que eu nunca tive antes. E que culminou nessa madrugada de terça-feira, ao som de uma banda escocesa recém-descoberta por mim (Glasvegas), com todos os outros habitantes da casa dormindo.
Nunca fui um fã ardoroso da prática de escrever. Sempre li muito, e adoro ler. Desde que aprendi a ler, nunca mais parei de mergulhar no universo das palavras, nunca mais parei de explorar mundos desconhecidos, sejam eles a Terra-média de Tolkien, o futuro sem livros de Ray Bradbury ou o perturbado interior das personagens de Dostoievsky e Kafka. Mas nunca me senti muito atraído pelo ato de escrever. Inventei e ainda invento muitas histórias, mas elas permanecem na minha mente, aguardando uma opossível transcrição para o papel (ou para o computador)...
Assim, peço, eventual leitor desse blog, que não espere muito dos materiais e opiniões aqui publicados. São, antes de tudo, uma criação minha, uma tentativa minha de explorar, por outro ângulo, o mundo da palavra escrita. Possivelmente, tais publicações desagradarão a muitos, senão a todos. Como diz Rainer Maria Rilke, em "Cartas a um jovem poeta": "Procure entrar em si mesmo. Investigue o motivo que o manda escrever; examine se estende suas raízes pelos recantos mais profundos de sua alma; confesse a si mesmo: morreria, se lhe fosse vedado escrever? Isto acima de tudo: pergunte a si mesmo na hora mais tranqüila de sua noite:'Sou mesmo forçado a escrever?' Escave dentro de si uma resposta profunda. Se for afirmativa, se puder contestar àquela pergunta severa por um forte e simples 'sou', então construa a sua vida de acordo com esta necessidade. Sua vida, até em sua hora mais indiferente e anódina, deverá tornar-se o sinal e o testemunho de tal pressão.".
"Explicados" os meus motivos (se é que eles existem) para escrever, passo a outra tarefa complicada: definir quem está escrevendo esse texto. Mas... será isso possível? Como definir, como resumir em algumas palavras, frases ou parágrafos toda a complexidade de um ser humano? Somos feitos de carne e osso, temos uma aparência externa definida; contudo, nós, ou pelo menos uma parte de nós, somos mais do que um amontoado de roupas, cabelos e costumes externos aceitos e padronizados pela sociedade. Temos um vasto universo de desejos, sonhos, sensações, lembrança, opiniões, fantasias; todo ele mudando constantemente. Não posso dizer exatamente quem eu sou, e espero nunca ter a arrogância suficiente para tentar fazê-lo. Posso aqui dizer minha idade, de algumas coisas que gosto, de outras que não gosto, o que eu faço. Gosto de ler, gosto de ouvir boas músicas,principalmente rock; estou aprendendo a gostar de bons filmes... No momento, eu estou gostando muito de "May it be", música de "O Senhor dos Anéis" cantada por Enya: http://br.youtube.com/watch?v=ql-Yg1dzIKs

"May it be an evening star
Shines down upon you
May it be when darkness falls
Your heart will be true
You walk a lonely road
Oh!How far are you are from home

Mornie utúlien (darkness has come)
Believe and you will find your way
Mornie alantie (darkness has fallen)
A promise lives within you know

May it be the shadows call
Will fly away
May it be your journey on
To light the day
When the night is overcome
You may rise to find the sun

Mornie utúlien (darkness has come)
Believe and you will find your way
Mornie alantie (darkness has fallen)
A promise lives within you

A promise lives within you now"


E eu agora me vou, continuando minha jornada.